A Fábula do Pigarro de Elisângela

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Contos para Rir

Baseado em fatos reais.
Texto devidamente autorizado pela protagonista do conto.

Elisângela é uma pessoa muito amada pelos membros de nossa igreja.

Camundongo dormindo.

Bem, nos encontrávamos naquela manhã, como bons dominicais, após o louvor, ouvindo os anúncios pelo pastor. Aguardávamos a palavra da manhã, normalmente ministrada pelo mesmo que a anunciava.

Embora não soubéssemos, alguém diferente ministraria nesta manhã.

Então o pastor anunciou a novidade.

_ Recebam a diaconisa Elisângela que nos trará a mensagem desta manhã.

Entre aplausos, Elisângela cumprimentou os irmão e introduziu os primeiros pensamentos de sua mensagem.

Veja bem, não é intenção minha discorrer sobre toda a mensagem, muito pelo contrário, destaco apenas uma pequena ilustração, bem descontraída sobre um item do tópico inicial. Não menosprezo, com isso, a maestria aplicada sobre toda a mensagem. Trata-se de uma ilustração descontraída  mas não descomprometida com os objetivos de Elisângela.

Nós, os ouvintes, sabíamos que seu objetivo era despertar nossos pensamentos e consciências a uma reestrutura de nossas atitudes para equilíbrio e crescimento de cada um.

Mas uma líder com tal comprometimento transformaria este momento em uma missão de alcançar as nossas almas, nos impactar e romper com os nossos limites.

Observe como Elisângela começou o raciocínio em questão:

_ Cuidado com o seu temperamento, pois até um pigarro pode gerar grande confusão.

Todos atentos, aguardávamos o complemento do raciocínio de Elisângela e ela complementou.

_Imagine que você esteja na sala assistindo o seu programa favorito pela televisão e seu conjugue passa pela sala e pigarra, impedindo-lhe, com isso, de ouvir nitidamente a sua programação por um segundo. Embora seu consorte tenha se desculpado, você explode com as seguintes palavras: "você pigarreou de propósito, só para me aborrecer.".

Ficou claro para mim  que foi sem querer e reflito junto aos irmãos sobre os benefícios da tolerância.

Mas a pregadora da manhã queria provar que o pigarro em uma casa desequilibrada poderia  causar danos ainda maiores, e para isso ela encaixou novo complemento.

_Seu filho entra e pede dinheiro para ir ao cinema com sua turma. Agora a pessoa que soltou o pigarro grita com ele "Não! vai agora para o seu quarto.".

Entre risos concordávamos  sobre a importância do autocontrole, pois um simples pigarro, nesta situação,  pode até afetar pessoas inocentes.

Embora os gestos e comentários dos membros demonstrassem completa compreensão sobre o assunto em questão, Elisângela queria mais. Esclareceria ainda mais o quanto estávamos expostos  a desarmonia iminente.

_E neste momento o cão da casa aproxima-se do menino, seu dono, para brincar e o menino dá-lhe um chute "sai pra lá, cachorro fedorento." O garoto sobe para seu quarto e se tranca nele, aborrecido.

Achando que conhecia Elisângela, eu disse "ela vai parar no cachorro.".

Riamos.

Mas nada podia deter Elisângela, não estava convencida de ter sido clara o suficiente e continuou sua narrativa.

_Um minuto depois, no quintal da casa, um gato passa distraidamente próximo ao cão e o canino ainda impactado pela violência de seu dono, agride o gato.

Gargalhávamos.

Já sabíamos, neste momento a obstinação de Elisângela a levaria inevitavelmente ao rato. E assim aconteceu.

_ O gato consegue se desvencilhar do cachorro, foge para a rua e vê um rato saindo de um bueiro. Em um ataque de fúria, o felino digladia o rato e arranca-lhe o rabo.

Quem diria que um pigarro, próximo a uma pessoa desequilibrada,  pudesse desencadear até uma guerra.

Veja bem,  toda a mensagem foi especial, porém esta ilustração fabulosa definia, ao menos para mim, a complexidade que regia a pessoa de Elisângela.

Claro que Elisângela foi longe em seu raciocínio, mais longe que muitos de nós iríamos e seria justo encerrar essa história por aqui.

Mas não para Elisângela, ela tinha ainda o adendo final de sua ilustração, aquele que causa um 'loop', terminaria com a ideia de continuidade, nossos conscientes ficariam refletindo sobre os reflexos infinitos de um inocente pigarro, que surge em dia, hora e lugar errado.

Elisângela fechou sua ilustração com o rato escapando.

_O roedor consegue fugir do gato, passando por sua colônia e chegando a sua casa é abordado pela ratinha "está tudo bem, querido?" e o rato muito aborrecido responde asperamente "claro que não. Você é cega, não vê que eu perdi o meu rabo.".

_ A ratinha fica ofendida e começa tudo de novo com a entrada do filhote do casal.

 

 

Texto devidamente autorizado pela protagonista do conto. 

 

 

BSAL

 

 

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